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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

CPMO analisa desenvolvimento das economias internacional e regional


CPMO analisa desenvolvimento
das economias internacional e regional




O Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO) reuniu-se no dia 12 de Dezembro, na sua décima segunda sessão ordinária do corrente ano, para avaliar os desenvolvimentos económicos e financeiros mais recentes da conjuntura internacional e a evolução dos principais indicadores económico -financeiros de Moçambique, com destaque para a inflação, o comportamento dos agregados monetários e as suas tendências de curto e médio prazos, com vista a tomar as medidas de política mais adequadas.
De acordo com um comunicado posto a circular pelo Banco de Moçambique, em termos de desenvolvimentos recentes das economias internacional e regional há a assinalar que a conjuntura internacional continuou a ser marcada pela crise da dívida soberana que afecta os países da Europa, com efeitos na volatilidade dos mercados financeiros e expectativas de agravamento deste panorama com as recentes ameaças de baixa generalizada do rating dos países e bancos pelas agências de notação financeira.

O crescimento económico das economias avançadas1 abranda, tendo os países da Zona Euro crescido em média menos 0,2 pontos percentuais (pp) no terceiro trimestre, quando comparado com o trimestre anterior, contrastando com a ligeira melhoria registada na economia japonesa, cujo PIB reduziu a sua contracção para 0,2%, após 1% no segundo trimestre. No mês de Outubro, a inflação anual desacelerou nos Estados Unidos da América (EUA) e no Reino Unido para 3,5% e 5%, respectivamente, mantendo-se estável em torno dos 3% na zona Euro, enquanto no Japão ocorreu um retorno à situação de deflação. O Dólar dos EUA manteve-se volátil no mês de Novembro, enfraquecendo face ao Euro em 3,5%, após ganhos de 0,7% em Outubro, em termos de variação anual e acumulando perdas de 7,2% em relação ao Yene. Os bancos centrais das economias mais avançadas mantiveram inalteradas as suas taxas de juro, com a excepção do Banco Central Europeu que reduziu a sua taxa em 25 pontos base (pb), para 1,25% no mês de Novembro e mais recentemente para 1%.
Neste fórum realizado periodicamente, foram analisadas em primeiro plano as economias dos Estados Unidos da América, entre outros países da Zona Euro, como o  Japão e o Reino Unido, seguindo-se a de outros países como o Brasil, a China, a Coreia do Sul e a Índia.
Nas economias de mercado emergentes2 observou-se no trimestre de 2011 um comportamento misto na evolução do PIB, tendo a Coreia do Sul acelerado para 3,5% e desacelerado no Brasil e Índia para 2,1% e 6,9%, respectivamente. No mês de Outubro, a inflação manteve-se na Índia em 9,7%, tendo reduzido nas restantes economias deste grupo de países, para 6,9% no Brasil, 5,5% na China e 3,9% na Coreia do Sul. O Dólar dos EUA forçou a sua apreciação face ao Real do Brasil, para 5,4% e Rupia da Índia, para 13,8%, tendo enfraquecido face ao Yuan da China em 4,3% e Won da Coreia do Sul em 1,5%. O Banco Central do Brasil reduziu a sua taxa de juro de política em 50 pb, para 11%, tendo os restantes mantido inalterada as suas taxas de juro de política, no mês de Novembro.
Nas economias da SADC3, destaca-se a desaceleração do crescimento anual do PIB na África do Sul no terceiro trimestre de 2011, para 3,1%. A inflação anual em Outubro acelerou para 17,9% na Tanzania, 8,1% no Malawi, 6,4% nas Maurícias e 6% na África do Sul, desacelerando em Angola para 11,4%, na Zâmbia para 8,1% e em Moçambique para 7,7%, realçando que, nestes dois últimos países a informação se reporta ao mês de Novembro. O Dólar dos EUA mostrou-se enfraquecido face ao Metical e à Rupia das Maurícias, moedas em relação às quais se depreciou em 24% e 4,8% respectivamente, contrariamente aos ganhos nominais que obteve face ao Kwanza de Angola (0,5%), Pula do Botswana (10%), Kwacha do Malawi (7,6%), Shilling da Tanzania (13,4%) e Kwacha da Zâmbia (2,8%). O Rand acumula perdas nominais de 14,9% em relação ao Dólar dos EUA.
Durante o mês de Novembro de 2011, as taxas de juro médias dos Bilhetes do Tesouro (BT´s) de 91 dias de maturidade mantiveram-se nos 14,1% em Moçambique, 18% em Angola e 5,5% no Botswana, sendo que na Tanzania, Botswana e Maurícias aumentaram para 12,9%, 6,6% e 4,4%, respectivamente, e no Malawi e Zâmbia reduziram para 6,48% e 7,18%.
Numa análise minuciosa feita às economias da África do Sul, Angola, Botswana, Malawi, Maurícias, Moçambique, Tanzania e Zâmbia importa destacar que, no mês de Outubro de 2011, os preços médios das principais mercadorias com peso na balança de pagamentos de Moçambique registaram, no geral, variações mensais negativas, com destaque para o trigo (8,5%), milho (7,2%), algodão (5,1%), alumínio (4,9%), arroz (2,2%), brent (1,3%) e açúcar (1,3%), contra aumentos no gás natural e ouro em 9,0% e 5,5%, respectivamente. No último dia de Novembro, o preço do barril de brent reduziu 1,8%, para 110,37 Dólares dos EUA, reflectindo a difícil conjuntura internacional e as previsões de abrandamento da economia mundial. No dia 9 de Dezembro de 2011, o barril de brent esteve cotado em 109.62 USD dos EUA.

DESENVOLVIMENTOS DA ECONOMIA MOÇAMBICANA

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes a Novembro de 2011, indicam que, o nível geral de preços da Cidade de Maputo aumentou em 0,46%, depois de registar uma variação de 0.01% em Outubro último. Com esta variação, a inflação acumulada situou-se em 4,12%, a taxa de variação homóloga em 7,74%, após 8,34% no mês anterior, e 15,06% em Novembro de 2010 e a taxa de inflação média anual em 11,27%, após 11,87% no mês anterior. As divisões da Alimentação e Bebidas não alcoólicas e de Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis, com variações de preços de 2,33% e 5,69%, respectivamente, contribuíram no total da inflação acumulada com 1,82pp. Do ponto de vista de produtos e serviços, o carvão vegetal, o ensino superior público, a gasolina, o amendoim, o peixe fresco, o açúcar amarelo e o feijão-manteiga foram aqueles cujo agravamento de preços tiveram maior impacto no total da inflação acumulada ao contribuírem com 2,95 pp.
Segundo a fonte do Banco emissor, a desaceleração do IPC no mês de Novembro de 2011 continuou a ser determinada pela maior oferta de produtos frescos a nível doméstico e pela estabilidade da taxa de câmbio do Metical, sobretudo em relação ao Rand, que tem favorecido o comportamento dos preços dos produtos importados da África do Sul. Enquanto isso, o IPC-Moçambique, que agrega os índices de preços das cidades de Maputo, Beira e Nampula, registou uma variação positiva de 0,53% em Novembro de 2011, resultando numa inflação acumulada de 4,70% e homóloga de 8,60%. As divisões de Alimentação e Bebidas não Alcoólicas e de Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis contribuíram no total da inflação acumulada desde o início do ano com 2,59pp positivos. O peixe fresco, o carvão vegetal, o açúcar amarelo, a gasolina, o ensino superior público, a mandioca seca e o amendoim foram os produtos cujo agravamento de preços teve maior impacto no total da inflação acumulada, ao contribuírem com 2,68 pp.
Tendo ainda como referência dados do INE, o indicador do clima económico em Outubro de 2011 recuperou-se da ligeira queda ocorrida em Setembro, impulsionado fundamentalmente pela avaliação positiva das expectativas de procura. A contrastar com o pessimismo demonstrado pelos operadores do sector de transporte e comunicações pelo quarto mês consecutivo, os sectores de alojamento, restauração e outros serviços não financeiros, de produção industrial, de electricidade e água, e o da construção apresentaram perspectivas optimistas.
Por seu turno, o Indicador das Expectativas de Emprego reduziu em Outubro, a reflectir o pessimismo dos operadores dos sectores de comércio e de outros serviços não financeiros. Os operadores de todos os sectores prevêem reduções dos preços dos bens e serviços que fornecem, excepto os do sector de alojamento e restauração, com previsão de um aumento sazonal na procura.
Informação preliminar do sector monetário mostra que em Outubro de 2011,o saldo do crédito à economia, se situou em 95.066,4 milhões de Meticais, o que equivale a uma expansão anual de 3,5%, após 3,2% no mês anterior e 43,6% em igual período de 2010. No mesmo período, o agregado mais amplo de moeda (M3) registou um saldo de 134.042,1 milhões de Meticais, o que representa uma expansão de 1.098,1 milhões de Meticais quando comparado com o mês de Setembro de 2011, influenciado, essencialmente, pelo aumento dos depósitos totais em 1.668,8 milhões de Meticais. Com esta variação, a expansão anual do agregado M3 acelerou para 3,94%, após 3,87% no mês de Setembro de 2011. Quando expurgado o efeito da variação cambial em relação ao Dólar dos EUA sobre as componentes denominadas em moeda estrangeira, a expansão acumulada e anual do crédito bancário ao sector privado situou-se em 9,4% e 11,4%, respectivamente, enquanto o crescimento do agregado de moeda mais amplo em 7,94%, em termos de variação acumulada e 13,57% em termos anuais.
Dados provisórios indicam que, no último dia do mês de Novembro de 2011 o saldo da Base Monetária – variável operacional de política monetária se fixou em 31.380 milhões de MT, abaixo das previsões feitas para o período em 2.649 milhões de MT, o que corresponde a um crescimento mensal de 481,3 milhões de MT (1,6%), explicado pelo aumento simultâneo das Notas e Moedas em Circulação (NMC) em 379,8 milhões de MT (2,0%) e das Reservas Bancárias (RBs) em 101,5 milhões de MT (0,9%). A expansão das Reservas Bancárias no mês em referência foi determinada pelo incremento das reservas em moeda nacional em 175,9 milhões de MT (1,6%), amortecida pela queda da componente em moeda estrangeira no montante de 74,4 milhões de MT (-13,6%). O saldo médio mensal da Base Monetária foi de 31.072 milhões de MT, menos 134 milhões de MT em relação à média verificada no mês anterior, o que reflecte a contracção simultânea da média diária das reservas bancárias em 110,4 milhões de MT (-0,9%) e das NMCs em 23,2 milhões de MT (-0,1%).
No mês de Novembro de 2011, o saldo preliminar das Reservas Internacionais Líquidas foi de USD 2.149 milhões, equivalente a uma constituição de USD 8,0 milhões no mês e uma melhoria de USD 247,1 milhões no ano. Em termos de Reservas Internacionais brutas, este saldo corresponde a 5,6 meses de cobertura de importações de bens e serviços não factoriais projectados para o ano corrente, tendo-se mantido inalterado comparativamente ao mês anterior.

Metical enfraquece

No Mercado Cambial Interbancário, o Metical voltou a apreciar-se a ritmos decrescentes em relação ao Dólar dos EUA no mês de Novembro, tendo-se a taxa de câmbio fixado em 26,87 Meticais, após 27,03 Meticais no mês anterior, o que corresponde a uma variação anual de 24,0%, após 24,62% verificados no mês anterior. Esta tendência foi igualmente observada em outros segmentos de mercado, com a taxa de câmbio média praticada pelos bancos comerciais nas suas operações com o público a fixar-se em 26,82 Meticais no fecho do mês de Novembro de 2011, após 27,14 Meticais registados no mês anterior, o que representa uma apreciação nominal anual de 17,83%, após 24,11% no mês anterior.
No Mercado Monetário Interbancário, as taxas de juro médias de subscrição dos leilões de BT´s reduziram, para todas as maturidades, em 70 pb para 91 dias, 36 pb para 182 dias e 73 pb para 364 dias, para 13,5%, 14,04% e 14,17%, respectivamente.
Entretanto, o Comité de Política Monetária considera importante consolidar os resultados macroeconómicos obtidos até ao presente momento, através do contínuo reforço da coordenação de políticas e doseamento dos instrumentos de política utilizados para regular a liquidez no mercado, com enfoque nos objectivos de inflação, a curto e médio prazos. Neste contexto, considera ainda pertinente que os agentes económicos e o público em geral redobrem esforços visando manter a estabilidade de preços, na quadra festiva que se aproxima.
Tomando em conta os objectivos macroeconómicos estabelecidos para finais de 2011 e para o ano de 2012, nomeadamente as metas de crescimento do PIB e inflação, e baseando-se na análise das previsões mais recentes, o Comité de Política Monetária deliberou a redução da taxa de juros da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 100 pb, para 15%, com efeitos imediatos; manter inalterada a taxa de juro da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD), fixada em 5%; a redução do coeficiente de Reservas Obrigatórias em 25 pontos base para 8,5%, com efeitos a partir do período de constituição que inicia a 7 de Janeiro de 2012; a intervenção nos mercados interbancários, de modo a assegurar que o saldo da Base Monetária não ultrapasse os 35.792 milhões de Meticais no final de Dezembro de 2011.
É de salientar que este tipo de fórum é presidido pelo Governador do Banco central, Ernesto Gove e a próxima sessão do CPMO terá lugar a 10 de Janeiro de 2012.

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