CPMO analisa desenvolvimento
das economias internacional e regional
O Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique (CPMO) reuniu-se no dia 12 de Dezembro, na sua décima segunda sessão ordinária do corrente ano, para avaliar os desenvolvimentos económicos e financeiros mais recentes da conjuntura internacional e a evolução dos principais indicadores económico -financeiros de Moçambique, com destaque para a inflação, o comportamento dos agregados monetários e as suas tendências de curto e médio prazos, com vista a tomar as medidas de política mais adequadas.

O crescimento económico das economias avançadas1 abranda, tendo os países da Zona Euro crescido em média menos 0,2 pontos percentuais (pp) no terceiro trimestre, quando comparado com o trimestre anterior, contrastando com a ligeira melhoria registada na economia japonesa, cujo PIB reduziu a sua contracção para 0,2%, após 1% no segundo trimestre. No mês de Outubro, a inflação anual desacelerou nos Estados Unidos da América (EUA) e no Reino Unido para 3,5% e 5%, respectivamente, mantendo-se estável em torno dos 3% na zona Euro, enquanto no Japão ocorreu um retorno à situação de deflação. O Dólar dos EUA manteve-se volátil no mês de Novembro, enfraquecendo face ao Euro em 3,5%, após ganhos de 0,7% em Outubro, em termos de variação anual e acumulando perdas de 7,2% em relação ao Yene. Os bancos centrais das economias mais avançadas mantiveram inalteradas as suas taxas de juro, com a excepção do Banco Central Europeu que reduziu a sua taxa em 25 pontos base (pb), para 1,25% no mês de Novembro e mais recentemente para 1%.
Neste fórum realizado periodicamente, foram analisadas em primeiro plano as economias dos Estados Unidos da América, entre outros países da Zona Euro, como o Japão e o Reino Unido, seguindo-se a de outros países como o Brasil, a China, a Coreia do Sul e a Índia.
Nas economias de mercado emergentes2 observou-se no trimestre de 2011 um comportamento misto na evolução do PIB, tendo a Coreia do Sul acelerado para 3,5% e desacelerado no Brasil e Índia para 2,1% e 6,9%, respectivamente. No mês de Outubro, a inflação manteve-se na Índia em 9,7%, tendo reduzido nas restantes economias deste grupo de países, para 6,9% no Brasil, 5,5% na China e 3,9% na Coreia do Sul. O Dólar dos EUA forçou a sua apreciação face ao Real do Brasil, para 5,4% e Rupia da Índia, para 13,8%, tendo enfraquecido face ao Yuan da China em 4,3% e Won da Coreia do Sul em 1,5%. O Banco Central do Brasil reduziu a sua taxa de juro de política em 50 pb, para 11%, tendo os restantes mantido inalterada as suas taxas de juro de política, no mês de Novembro.
Nas economias da SADC3, destaca-se a desaceleração do crescimento anual do PIB na África do Sul no terceiro trimestre de 2011, para 3,1%. A inflação anual em Outubro acelerou para 17,9% na Tanzania, 8,1% no Malawi, 6,4% nas Maurícias e 6% na África do Sul, desacelerando em Angola para 11,4%, na Zâmbia para 8,1% e em Moçambique para 7,7%, realçando que, nestes dois últimos países a informação se reporta ao mês de Novembro. O Dólar dos EUA mostrou-se enfraquecido face ao Metical e à Rupia das Maurícias, moedas em relação às quais se depreciou em 24% e 4,8% respectivamente, contrariamente aos ganhos nominais que obteve face ao Kwanza de Angola (0,5%), Pula do Botswana (10%), Kwacha do Malawi (7,6%), Shilling da Tanzania (13,4%) e Kwacha da Zâmbia (2,8%). O Rand acumula perdas nominais de 14,9% em relação ao Dólar dos EUA.
Durante o mês de Novembro de 2011, as taxas de juro médias dos Bilhetes do Tesouro (BT´s) de 91 dias de maturidade mantiveram-se nos 14,1% em Moçambique, 18% em Angola e 5,5% no Botswana, sendo que na Tanzania, Botswana e Maurícias aumentaram para 12,9%, 6,6% e 4,4%, respectivamente, e no Malawi e Zâmbia reduziram para 6,48% e 7,18%.

DESENVOLVIMENTOS DA ECONOMIA MOÇAMBICANA
Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referentes a Novembro de 2011, indicam que, o nível geral de preços da Cidade de Maputo aumentou em 0,46%, depois de registar uma variação de 0.01% em Outubro último. Com esta variação, a inflação acumulada situou-se em 4,12%, a taxa de variação homóloga em 7,74%, após 8,34% no mês anterior, e 15,06% em Novembro de 2010 e a taxa de inflação média anual em 11,27%, após 11,87% no mês anterior. As divisões da Alimentação e Bebidas não alcoólicas e de Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis, com variações de preços de 2,33% e 5,69%, respectivamente, contribuíram no total da inflação acumulada com 1,82pp. Do ponto de vista de produtos e serviços, o carvão vegetal, o ensino superior público, a gasolina, o amendoim, o peixe fresco, o açúcar amarelo e o feijão-manteiga foram aqueles cujo agravamento de preços tiveram maior impacto no total da inflação acumulada ao contribuírem com 2,95 pp.
Segundo a fonte do Banco emissor, a desaceleração do IPC no mês de Novembro de 2011 continuou a ser determinada pela maior oferta de produtos frescos a nível doméstico e pela estabilidade da taxa de câmbio do Metical, sobretudo em relação ao Rand, que tem favorecido o comportamento dos preços dos produtos importados da África do Sul. Enquanto isso, o IPC-Moçambique, que agrega os índices de preços das cidades de Maputo, Beira e Nampula, registou uma variação positiva de 0,53% em Novembro de 2011, resultando numa inflação acumulada de 4,70% e homóloga de 8,60%. As divisões de Alimentação e Bebidas não Alcoólicas e de Habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis contribuíram no total da inflação acumulada desde o início do ano com 2,59pp positivos. O peixe fresco, o carvão vegetal, o açúcar amarelo, a gasolina, o ensino superior público, a mandioca seca e o amendoim foram os produtos cujo agravamento de preços teve maior impacto no total da inflação acumulada, ao contribuírem com 2,68 pp.
Tendo ainda como referência dados do INE, o indicador do clima económico em Outubro de 2011 recuperou-se da ligeira queda ocorrida em Setembro, impulsionado fundamentalmente pela avaliação positiva das expectativas de procura. A contrastar com o pessimismo demonstrado pelos operadores do sector de transporte e comunicações pelo quarto mês consecutivo, os sectores de alojamento, restauração e outros serviços não financeiros, de produção industrial, de electricidade e água, e o da construção apresentaram perspectivas optimistas.
Por seu turno, o Indicador das Expectativas de Emprego reduziu em Outubro, a reflectir o pessimismo dos operadores dos sectores de comércio e de outros serviços não financeiros. Os operadores de todos os sectores prevêem reduções dos preços dos bens e serviços que fornecem, excepto os do sector de alojamento e restauração, com previsão de um aumento sazonal na procura.
Informação preliminar do sector monetário mostra que em Outubro de 2011,o saldo do crédito à economia, se situou em 95.066,4 milhões de Meticais, o que equivale a uma expansão anual de 3,5%, após 3,2% no mês anterior e 43,6% em igual período de 2010. No mesmo período, o agregado mais amplo de moeda (M3) registou um saldo de 134.042,1 milhões de Meticais, o que representa uma expansão de 1.098,1 milhões de Meticais quando comparado com o mês de Setembro de 2011, influenciado, essencialmente, pelo aumento dos depósitos totais em 1.668,8 milhões de Meticais. Com esta variação, a expansão anual do agregado M3 acelerou para 3,94%, após 3,87% no mês de Setembro de 2011. Quando expurgado o efeito da variação cambial em relação ao Dólar dos EUA sobre as componentes denominadas em moeda estrangeira, a expansão acumulada e anual do crédito bancário ao sector privado situou-se em 9,4% e 11,4%, respectivamente, enquanto o crescimento do agregado de moeda mais amplo em 7,94%, em termos de variação acumulada e 13,57% em termos anuais.
Dados provisórios indicam que, no último dia do mês de Novembro de 2011 o saldo da Base Monetária – variável operacional de política monetária se fixou em 31.380 milhões de MT, abaixo das previsões feitas para o período em 2.649 milhões de MT, o que corresponde a um crescimento mensal de 481,3 milhões de MT (1,6%), explicado pelo aumento simultâneo das Notas e Moedas em Circulação (NMC) em 379,8 milhões de MT (2,0%) e das Reservas Bancárias (RBs) em 101,5 milhões de MT (0,9%). A expansão das Reservas Bancárias no mês em referência foi determinada pelo incremento das reservas em moeda nacional em 175,9 milhões de MT (1,6%), amortecida pela queda da componente em moeda estrangeira no montante de 74,4 milhões de MT (-13,6%). O saldo médio mensal da Base Monetária foi de 31.072 milhões de MT, menos 134 milhões de MT em relação à média verificada no mês anterior, o que reflecte a contracção simultânea da média diária das reservas bancárias em 110,4 milhões de MT (-0,9%) e das NMCs em 23,2 milhões de MT (-0,1%).
No mês de Novembro de 2011, o saldo preliminar das Reservas Internacionais Líquidas foi de USD 2.149 milhões, equivalente a uma constituição de USD 8,0 milhões no mês e uma melhoria de USD 247,1 milhões no ano. Em termos de Reservas Internacionais brutas, este saldo corresponde a 5,6 meses de cobertura de importações de bens e serviços não factoriais projectados para o ano corrente, tendo-se mantido inalterado comparativamente ao mês anterior.
Metical enfraquece
No Mercado Cambial Interbancário, o Metical voltou a apreciar-se a ritmos decrescentes em relação ao Dólar dos EUA no mês de Novembro, tendo-se a taxa de câmbio fixado em 26,87 Meticais, após 27,03 Meticais no mês anterior, o que corresponde a uma variação anual de 24,0%, após 24,62% verificados no mês anterior. Esta tendência foi igualmente observada em outros segmentos de mercado, com a taxa de câmbio média praticada pelos bancos comerciais nas suas operações com o público a fixar-se em 26,82 Meticais no fecho do mês de Novembro de 2011, após 27,14 Meticais registados no mês anterior, o que representa uma apreciação nominal anual de 17,83%, após 24,11% no mês anterior.
No Mercado Monetário Interbancário, as taxas de juro médias de subscrição dos leilões de BT´s reduziram, para todas as maturidades, em 70 pb para 91 dias, 36 pb para 182 dias e 73 pb para 364 dias, para 13,5%, 14,04% e 14,17%, respectivamente.
Entretanto, o Comité de Política Monetária considera importante consolidar os resultados macroeconómicos obtidos até ao presente momento, através do contínuo reforço da coordenação de políticas e doseamento dos instrumentos de política utilizados para regular a liquidez no mercado, com enfoque nos objectivos de inflação, a curto e médio prazos. Neste contexto, considera ainda pertinente que os agentes económicos e o público em geral redobrem esforços visando manter a estabilidade de preços, na quadra festiva que se aproxima.
Tomando em conta os objectivos macroeconómicos estabelecidos para finais de 2011 e para o ano de 2012, nomeadamente as metas de crescimento do PIB e inflação, e baseando-se na análise das previsões mais recentes, o Comité de Política Monetária deliberou a redução da taxa de juros da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 100 pb, para 15%, com efeitos imediatos; manter inalterada a taxa de juro da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD), fixada em 5%; a redução do coeficiente de Reservas Obrigatórias em 25 pontos base para 8,5%, com efeitos a partir do período de constituição que inicia a 7 de Janeiro de 2012; a intervenção nos mercados interbancários, de modo a assegurar que o saldo da Base Monetária não ultrapasse os 35.792 milhões de Meticais no final de Dezembro de 2011.
É de salientar que este tipo de fórum é presidido pelo Governador do Banco central, Ernesto Gove e a próxima sessão do CPMO terá lugar a 10 de Janeiro de 2012.
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